sexta-feira, abril 8

E Qual é a Nossa Parcela de Culpa?


Não sou um cínico. Creio que tudo acontece por um motivo, e sei que Deus está por trás de tudo nesse mundo. Também não gosto de ser chamado de moralista, mesmo algumas vezes sendo um. Digo isso porque muitas vezes questiono a "logística mundial" de como as coisas acontecem, e vejo que a maioria das situações mundiais consideradas ruins ou críticas poderiam ter sido diferentes se tivéssemos feito a nossa parte. Eu, inclusive.
Sendo assim, não posso ficar calado quando vejo na televisão notícias como a do jovem Wellington Menezes de Oliveira, causador do "Massacre em Realengo", no dia 07 de Abril de 2011. Com certeza, uma notícia triste que irá perdurar eternamente na lembrança dos brasileiros e, principalmente, dos familiares dessas crianças que foram vitimizadas por esse rapaz. Doze crianças foram vitimizadas, dez meninas e dois meninos.
O que quero salientar aqui não é, necessariamente, a notícia do massacre em si, mas usá-la como ponte para uma conversa mais aprofundada sobre o nosso papel na sociedade. Isso mesmo, o nosso papel, daqueles que não teriam coragem de entrar em uma escola atirando em pessoas porque acham isso impensável, mas que também diariamente matam pessoas pela sua indiferença ao próximo.
Me preocupo muito com o papel dos cristãos no mundo de hoje. Não estou falando sobre religião, ou sobre evangélicos e católicos ou qualquer outra denominação. Estou falando sobre aqueles que professaram Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, mas não confessaram amar ao próximo como a si mesmo. João 12:20-26: "Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa. Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaída da Galiléia, e rogaram-lhe dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus. Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus. E Jesus lhes respondeu dizendo: É chegada a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado. Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida [carne, natureza carnal corruptível], guarda-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará". Para que outros possam viver, você tem que morrer. Como é isso, Juninho? Simples. Para que outros possam ter a vida eterna, aquela que você já tem, você mesmo tem que se esvaziar de tudo o que você é, gosta, sente prazer. Você tem que morrer pra si mesmo para que as pessoas possam viver em Jesus Cristo.
Muitas pessoas estão morrendo, perecendo no mundo de hoje porque nós não queremos viver para elas, mas sim para nós mesmos. Muitas pessoas estão morrendo hoje porque hoje mesmo você tem virado as costas para elas. Novamente, eu não estou falando de você, mas de NÓS. Quem gosta de não fazer o que gosta de fazer? Eu não. Mas, para que outros possam viver, isso tem que acontecer. Essa mensagem, de que devemos morrer para outros viverem, é constantemente pregada por um ótimo ministrador da Palavra de Deus da atualidade, Juliano Son. Foi através das mensagens ministradas por ele que me senti constrangido a pensar, no mínimo, sobre o meu papel de cristão na sociedade.
"Mas Juninho, o que isso tem a ver com o Massacre de Realengo, que tu citou acima?" Tem a ver, meu querido, que aquele rapaz que fez tudo aquilo era um cristão em potencial. Não me critiquem nem me julguem pelo comentário acima. Creio que todo o Mundo é feito de cristãos em potencial, porque o Espírito Santo está pronto para agir no coração de qualquer pessoa, tornando-o um seguidor (e não apenas crente) de Jesus Cristo. Olhamos para as pessoas na rua, nos nossos trabalhos, nos nossos colégios e faculdades, e vemos apenas pessoas, enquanto que poderíamos estar vendo-as como futuros servos do Deus Altíssimo. E, se não a vemos com os olhos espirituais de Deus, ansiando um futuro santificado para elas, não a vemos de maneira alguma. Nos tornamos indiferentes ao mundo ao nosso redor, e a igreja tem se tornado cínica em dizer que veio para todos, mas não atende a todos. Nossos pensamentos não estão voltados para a morte do nosso "EU". Elas estão voltadas apenas para "EU". "Eu quero", "Eu posso", "Eu tenho". E onde estão os outros? Quem foi que falou do amor de Jesus Cristo pro Wellington? Quem foi que se dispôs a ajudar o Wellington a caminhar junto com Jesus? Quem foi que deu seu tempo pra explicar quem era Deus e Jesus pra ele?
Vemos esta notícia e dizemos: "Isso está longe de mim". Não, não está. Há uma enorme possibilidade de você ter um Wellington Menezes dentro da sua própria casa e nem saber, porque você se tornou indiferente às dores das outras pessoas. A sua mente e seu coração estão completamente cauterizados. Meu Deus, nós estamos assim! Eu não estou falando daquele mendigo que você não deu dinheiro na rua, eu estou falando do seu pai que bebe, da sua mãe que briga com você por qualquer razão, eu estou falando do irmão/irmã que caçoa de você porque você vai pra igreja. Eles precisam de você!!!!! E você está aonde? Brincando de ser cristão, se martirizando pelos seus traumas e desculpando suas ações por causa deles, buscando experiências que só edificam você? O sangue dessas pessoas será cobrado de você nos dia do seu julgamento!!!! Paulo fala isso: "E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos, porque nunca deixei de anunciar todo o conselho de Deus" (Atos 20:25-27) O Evangelho é para todos, mas nem todos escutam sobre ele porque muitos estão calados. Você é um deles? Você tem sido um deles?
Meus amados, quantas vezes hoje eu me pego pensando sobre as pessoas a quem eu não testemunhei, sobre os momentos em que perdi de falar de Jesus. Isso é tão triste. Apenas a misericórdia de Deus para nos ajudar. Minha intenção, com este texto, é constranger você a procurar respostas no Espírito Santo de Deus sobre o que você está fazendo, se livrando mais pessoas de "Massacres do Realengo" ou se criando eles?

By: Reinaldo Juninho